A declaração a seguir foi publicada originalmente em inglês em 21 de junho de 2025, antes dos massivos ataques aéreos do governo Trump contra o Irã. Embora tenha sido escrita antes desses desenvolvimentos, a análise da declaração sobre as forças subjacentes que impulsionam a guerra imperialista e o perigo de uma conflagração global é apenas mais uma confirmação deste último ato criminoso de agressão.
O imperialismo americano e seu proxy israelense continuam a escalar sua guerra de agressão ilegal e não provocada contra o Irã, com B-2s capazes de carregar armas nucleares e grupos de batalha de porta-aviões se preparando para lançar um ataque iminente.
Quase 25 ano após os Estados Unidos invadirem o Afeganistão e o Iraque, a classe dominante americana está novamente se preparando para lançar uma guerra criminosa, desta vez contra um vasto país com uma população mais de três vezes maior do que a do Iraque.
Através da guerra, o aspirante a ditador Donald Trump e a oligarquia financeira que governa por meio dos partidos Republicano e Democrata esperam:
- Reimpor as correntes da subjugação neocolonial ao Irã 45 anos após o povo iraniano ter derrubado a ditadura monárquica do Xá apoiado pelos EUA.
- Garantir o controle imperialista irrestrito dos EUA sobre a principal região exportadora de petróleo do mundo e as principais rotas comerciais marítimas globais, preparando-se para a guerra contra os principais adversários estratégicos de Washington, China e Rússia.
- Afastar a crise econômica e o colapso financeiro por meio da pilhagem.
- Desviar a atenção de uma enorme crise interna e da crescente oposição social.
As consequências dessa aposta imprudente serão catastróficas para o povo iraniano, para o Oriente Médio e para todo o mundo.
Por todo o seu gangsterismo armado, engano e traição, o resultado desta guerra não será menos — e provavelmente será mais — desastroso do que as “guerras de escolha” que o imperialismo americano travou no Afeganistão, Iraque, Vietnã e Coreia.
Os establishments políticos nos EUA e em outros centros imperialistas, por outro lado, estão em modo total de propaganda de guerra. O Irã é vilipendiado como um “Estado terrorista” e uma ameaça “existencial” para os povos israelense e americano.
Mas quem levará isso a sério após décadas de mentiras e criminalidade — após ter sido bombardeado com afirmações de que o Iraque possuía “armas de destruição em massa” e intermináveis justificativas para Israel enquanto bombardeia hospitais e massacra pessoas nas filas por comida em sua campanha para matar e expulsar os palestinos da Gaza?
No início da invasão do Iraque, há 22 anos, com a estratégia de “choque e pavor” do Pentágono, o presidente do World Socialist Web Site, David North, escreveu: “Seja qual for o resultado dos estágios iniciais do conflito, o imperialismo americano tem um encontro marcado com o desastre. Não pode conquistar o mundo. Não pode reimpor grilhões coloniais sobre as massas do Oriente Médio.”
O imperialismo americano está indo à guerra não apenas contra as 90 milhões de pessoas do Irã, mas contra o mundo inteiro. Na sexta-feira, milhões foram às ruas do Irã e de outros países do Oriente Médio para manifestar sua oposição ao ataque ilegal dos EUA-Israel.
Por todo o mundo, as pessoas entendem que o governo Trump está se preparando para lançar uma guerra de agressão em aliança com Israel, cujo ataque genocida à Gaza o tornou o Estado mais odiado do mundo.
Nos EUA, existe um crescente movimento de massa contra Trump, com 10 a 15 milhões de pessoas se unindo aos protestos “Sem Reis” do dia 14 de junho. Além disso, uma pesquisa do Washington Post revelou que os americanos que foram entrevistados se opõem à participação dos EUA em uma guerra contra o Irã por uma margem de quase dois para um.
A classe trabalhadora, como os clássicos marxistas explicaram, deve avaliar sua atitude em relação a qualquer guerra examinando os interesses sociais envolvidos.
A guerra dos EUA-Israel contra o Irã é uma guerra imperialista. Ela está sendo travada contra um país historicamente oprimido. O fator dominante em sua história política tem sido a luta de um século pela emancipação primeiro do imperialismo britânico e depois do americano.
Além disso, a guerra faz parte de uma cadeia interconectada de operações militares que se estendem por décadas. Os mesmos governos, organizações e meios de comunicação que apoiam o ataque de Israel contra o Irã hoje foram os mais estridentes em apoiar a guerra contra a Rússia, provocada pelas potências imperialistas e justificada com base na invasão da Ucrânia pela Rússia.
Nos últimos 35 anos, o imperialismo dos EUA tem buscado reverter as consequências da onda de revoluções anticoloniais e sociais do século XX e combater a erosão de sua hegemonia global por meio de um militarismo e agressão cada vez mais expansivos.
O World Socialist Web Site, o Comitê Internacional da Quarta Internacional e seus partidos afiliados, os Partidos Socialistas pela Igualdade, posicionam-se inequivocamente contra o imperialismo dos EUA e seu proxy israelense.
O Irã é um país capitalista, liderado por um regime nacionalista burguês reacionário. Tendo chegado ao poder a partir da Revolução de 1979, seu maior medo é a classe trabalhadora. Diante das crescentes ameaças dos EUA nas últimas duas décadas, a burguesia iraniana combinou repetidos esforços para alcançar um entendimento com Washington com um impulso para eliminar o que restou das concessões sociais feitas no desfecho imediato da explosão popular que derrubou o Xá.
O Comitê Internacional da Quarta Internacional se opõe ao governo burguês no Irã. Mas sua atitude em relação à iminente guerra é determinada pelo fato de que o Irã, um país historicamente oprimido, está sob ameaça de subjugação e aniquilação por uma aliança de potências imperialistas. A resistência iraniana à investida imperialista é totalmente legítima e politicamente progressista.
Aqueles que argumentam que o caráter reacionário do governo iraniano nega o direito do Irã de se defender estão dando uma “cobertura de esquerda” ao impulso de guerra imperialista.
Como escreveu Leon Trotsky em 1937, pouco depois que o imperialismo japonês lançou sua guerra de conquista contra a China, quando um país oprimido é atacado por imperialistas, o dever dos socialistas é defendê-lo, independentemente do caráter reacionário de seu governo. Respondendo àqueles que se recusaram a defender a China porque era então liderada por Chiang Kai-shek e o Kuomintang nacionalista burguês, que estrangulou a revolução anti-imperialista de 1925-27 e massacrou dezenas de milhares de trabalhadores movidos por ideias revolucionárias, Trotsky explicou:
A China é um país semicolonial que o Japão está transformando, diante de nossos próprios olhos, em um país colonial. A luta do Japão é imperialista e reacionária. A luta da China é emancipatória e progressista. …
Japão e China não estão no mesmo plano histórico. A vitória do Japão significará a escravização da China, o fim de seu desenvolvimento econômico e social, e o terrível fortalecimento do imperialismo japonês. A vitória da China significará, pelo contrário, a revolução social no Japão e o livre desenvolvimento, isto é, desimpedido pela opressão externa, da luta de classes na China.
A classe trabalhadora no Irã e globalmente deve se opor ao ataque dos EUA-Israel, mas deve fazê-lo por meio de seus próprios métodos de luta de classe. Isso significa desenvolver uma contraofensiva global da classe trabalhadora que vincule a luta contra a guerra imperialista e o ataque cada vez mais amplo aos direitos sociais e democráticos da classe trabalhadora à luta contra o capitalismo. Isso exige a luta pela construção de seções do CIQI no Irã, em todo o Oriente Médio e internacionalmente.
Em termos militares convencionais, os agressores americano e israelense possuem uma vasta preponderância de poder destrutivo. Contudo, como a história das revoluções e das guerras coloniais demonstrou repetidamente, a força militar, embora significativa, é apenas um dos fatores.
A principal vulnerabilidade do imperialismo reside no enorme e rapidamente crescente potencial de oposição social que existe no Oriente Médio, em toda a Ásia, África e na crescente resistência dos trabalhadores nos centros imperialistas.
É essa força que constitui a resposta decisiva à agressão imperialista e à guerra global em expansão e que deve ser mobilizada. Isso só pode ser feito em oposição implacável a todas as burguesias rivais, seus governos e representantes políticos.
Nos EUA, todas as frações do Partido Democrata e seu principal voz na mídia, o New York Times, estão apoiando uma guerra que foi organizada por um presidente que eles próprios admitem estar violando sistematicamente a Constituição e buscando estabelecer uma ditadura presidencial.
Trump está travando guerra em duas frentes: no exterior contra o Irã e domesticamente contra os direitos democráticos e a classe trabalhadora. Esses são dois lados do mesmo processo. Uma guerra com o Irã será inevitavelmente acompanhada por uma escalada da repressão política e da austeridade social. Com o orçamento de guerra já superior a US$1 trilhão, a classe trabalhadora será forçada a arcar com a conta.
O impulso anti-constitucional de Trump para estabelecer uma ditadura presidencial nos Estados Unidos e o lançamento de uma guerra ilegal contra o Irã são elementos interconectados de um governo criminoso. A interação desses elementos ameaça os EUA e o mundo com uma catástrofe. Se existe algum país que precisa urgentemente de uma mudança de regime, esse país é os Estados Unidos.
Os mesmos processos básicos estão presentes na Europa. As conversas realizadas pelas potências imperialistas europeias com o ministro das Relações Exteriores do Irã em Viena na sexta-feira foram uma fraude, destinadas a pressionar Teerã a se render. Quaisquer reservas que tenham sobre a pressa de Trump para a guerra dizem respeito a seus próprios interesses predatórios: que podem ser queimados no inferno que Trump e Netanyahu acenderam; que a guerra total no Oriente Médio desvie o material de guerra dos EUA da Ucrânia; e que correm o risco de serem excluídos por Washington dos frutos da conquista e da pilhagem imperialista.
Os regimes capitalistas da China e da Rússia, baseando-se em cálculos mais pragmáticos e de curto prazo e se agarrando à esperança de que possam alcançar algum tipo de acordo com Trump e o imperialismo dos EUA, não tomaram medidas para se opor à investida contra o Irã.
Quanto ao regime iraniano, sua conduta antes e durante a guerra apenas enfatiza que a burguesia nacional é incapaz de travar uma luta contra o imperialismo. Mesmo agora, após Trump ter exigido “render-se incondicionalmente”, ele persiste em fazer apelos ao aspirante a ditador fascista, enquanto pede aos gângsteres imperialistas europeus que intervenham em seu nome.
Esta guerra, como a Primeira e a Segunda Guerras Mundiais, surge das contradições fundamentais do capitalismo: entre uma economia globalmente integrada e o sistema de Estados nacionais obsoleto, e entre a propriedade privada dos meios de produção e o caráter social da vida econômica moderna.
O Comitê Internacional da Quarta Internacional e seus Partidos Socialistas pela Igualdade afiliados fazem um chamado pela oposição em massa aos planos do governo Trump de lançar uma guerra direta contra o Irã. Protestos, manifestações e greves devem ser realizados para se opor a este ato de agressão imperialista.
Apenas a classe trabalhadora internacional, armada com um programa socialista revolucionário, pode pôr fim à guerra imperialista e ao sistema capitalista que a gera. O CIQI insiste que a luta contra a guerra deve ser fundida com a luta pelo poder operrio e pela reorganização socialista da vida econômica global.
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